Diante de um cenário urbano onde o inverossímil se faz presente em cada esquina e em cada esquema, as metáforas do absurdo surgem com uma naturalidade espantosa – e com este projeto não foi diferente…
O Bando Imobiliário Carioca nasceu como uma extensão natural do projeto War in Rio, apresentado em novembro de 2007. Naquela época, a ideia foi aproveitar o fenômeno midiático ‘Tropa de Elite’ para levantar algumas questões acerca da violenta realidade da cidade do Rio de Janeiro. Nesses 5 anos que se passaram os enfrentamentos armados na cidade continuaram frequentes, mas a questão territorial passou a ter uma importância central nas políticas de segurança pública do Estado. Coincidência ou não, a cidade passou a ser tratada como um tabuleiro de ocupação.
Apesar de evidentes melhorias em áreas turísticas e estratégicas para os grandes eventos dos próximos anos, o Rio segue castigado pela violência nas diversas regiões menos favorecidas da cidade. Nessas áreas sem UPP – Uso do Poder Público – o carioca já se acostumou a pagar seu dízimo cotidiano para os senhores da terra, reproduzindo relações feudais de opressão e violência. Dessa amarga realidade surge esta paródia, uma versão carioca adaptada do jogo internacionalmente conhecido como Monopoly.
Apesar de ser o nome de um ‘inofensivo’ passatempo juvenil, monopólio constitui um crime contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo de uma comunidade. Sua ocorrência é percebida em mercados desregulados caracterizados pela ausência do Estado ou por altos níveis de corrupção institucional.
Monopólio também é a filosofia de dominação que sustenta o poder e a expansão territorial das milícias paramilitares da cidade do Rio de Janeiro, que encontram na economia precária das regiões periféricas um laboratório para novas formas de financiamento do crime organizado. É o Bando Imobiliário Carioca.
Enquanto indutor de políticas públicas de grande impacto, o Estado está agora diante de um novo tabuleiro. Mas esse jogo é outro, e para ganhar essa partida vai ser preciso muito mais que blindados de guerra e especulação imobiliária.